quinta-feira, 24 de setembro de 2015

sem título

sob teus olhos cegos
as janelas não se fecharão

sob teus punhos
há um chão de prata
onde costuro voos e raizes


de todas as coisas
as begônias são
as que mais se parecem

sem título

a palavra pedra
aceitá-la como quem recebe
o mar entre as mãos

sabê-la em cada pétala
ou em todas as chuvas

 ainda teremos
a fúria das âncoras

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

sem título

aceitar o cardo
a desordem dos armários
a ferrugem nos cabelos

que sejam breves, muito breves
as pedras que jogaremos nos rios
e as janelas que se abrirão para o nada

os álamos florirão
como se soubessem

sábado, 19 de setembro de 2015

sem título

ouvir o pássaro e não saber
a espessura de sua asa

tampouco o que seus olhos
alcançam sobre a terra

de seu pouso sem raízes


voo também é chão

sem título

em tempo de pedras
um pêndulo a medir urgências

a palavra aberta sobre a mesa

lanço moedas, desertos, a cartografia invernal

mas barco não há

terça-feira, 1 de setembro de 2015

sem título


anunciar a pétala
até os lábios se moverem
em direção ao nada

os pulsos de fome
os cardos na terra abandonada

haverá um chão
para todas as coisas